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O reúso da água como motor da reindustrialização sustentável

No contexto do plano de reindustrialização do Brasil lançado em 2024, que aposta na transição ecológica e na inovação tecnológica

Por Lorena Zapata, Diretora de Novos Negócios e Sustentabilidade na Engeper Ambiental e Perfurações*


água é muito mais do que um recurso natural; é uma infraestrutura invisível, uma energia líquida e a matéria-prima essencial para a produção industrial. No contexto do plano de reindustrialização do Brasil lançado em 2024, que aposta na transição ecológica e na inovação tecnológica, a questão do uso racional da água se torna central. Não é possível pensar em reindustrialização sustentável sem repensar radicalmente o consumo hídrico, especialmente por meio do reúso, que representa uma necessidade econômica e produtiva para garantir a competitividade global do país.


O reúso da água é uma alternativa cada vez mais viável e eficiente. Tecnologias como a eletrodiálise reversa (EDR) permitem recuperar até 95% dos efluentes industriais, inclusive aqueles com alta carga salina, e operar com baixo consumo energético. Essas inovações são acompanhadas por sistemas de monitoramento em tempo real e plataformas de telemetria, que aprimoram a inteligência hídrica e promovem maior autonomia operacional.


No cenário global, a tendência de crescimento do mercado de reúso é expressiva, com taxa anual composta (CAGR) estimada em 9,7% até 2030, segundo estudos e analises do Grand View Research. Essa expansão demonstra o movimento internacional para práticas mais circulares e sustentáveis, impulsionadas por demandas regulatórias, de investidores e consumidores. Para as indústrias brasileiras, aderir a essa lógica não é apenas uma questão ambiental, mas um requisito para cumprir metas ESG (ambiental, social e governança) e manter acesso a financiamentos e mercados competitivos.


Embora alguns possam questionar o custo inicial e a complexidade de implementar tecnologias de reúso, essa visão subestima os riscos de manter o modelo atual, baseado no consumo linear e no desperdício. A escassez hídrica crescente e as pressões econômicas evidenciam que ignorar a inteligência hídrica coloca em risco a soberania produtiva e a capacidade do Brasil de se manter competitivo no cenário mundial. O reúso representa um investimento com retorno claro em eficiência operacional e sustentabilidade.


É fundamental entender que a água reutilizada não é um resíduo tratado, mas um insumo valioso e regenerado, que permite a criação de ciclos produtivos circulares. Essa mudança de paradigma, do “quanto posso usar” para o “quanto posso devolver”, deve orientar a nova indústria brasileira, promovendo justiça ambiental e inovação tecnológica.


Assim, a reindustrialização sustentável do Brasil depende diretamente da incorporação da inteligência hídrica e do reúso como elementos centrais da política industrial. Reduzir custos operacionais, atender às exigências ESG e garantir a autonomia na gestão da água são passos fundamentais para assegurar um futuro produtivo e competitivo, em que a água seja reconhecida como o maior ativo estratégico do país.


*Lorena Zapata é especialista em sustentabilidade industrial, diretora de novos negócios e sustentabilidade na Engeper Ambiental e Perfurações, com vasta experiencia em implantação da tecnologia de eletrodiálise reversa (EDR) como transição ecológica para indústrias.


Tarso Oliveira <tarso@mention.net.br>



Matéria Original - Leia em Revista TAE

 

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